quinta-feira, dezembro 26

Das Estrelas


Ainda hoje, já passadas tantas luas, sinto, intenso, o gosto de nós dois
Na boca sinto o calor do teu rosto, me deixo navegar nos teus beijos
Em ondas quentes, fogo posto, pronto a fazer içar a vela de desejos
Guardo o toque dos teus dedos, como o mais precioso dos segredos
Entre muitas imagens que me povoam, continuas tu, sempre presente
Não tenho saudades, dessas que doem, porque nunca foste ausente
E certamente estar ao teu lado é o que de melhor eu poderia fazer
Deito contigo a olharmos as estrelas e o céu parece cada vez maior
Passa da hora de dormir e o céu continua tão tranquilo, tão sereno
Mas o dia que virá reclama a hora, devemos dormir, também sonhar
Use a imaginação e perca-te assim, no universo há muito mais de ti
Reencontra-te em meu sonho, lá estou a te aguardar hoje e sempre
Lá todos planetas estão à tua órbita, do teu sorriso de constelações
Aninhado no teu colo, tento admirar os astros, mas és tu que brilhas
E meu coração de poeta logo busca encantar minha linda namorada
No álbum da memória serás sempre, entre estrelas, a mais exuberante



segunda-feira, dezembro 23

Oásis


Uma miragem surge em um momento único neste deserto
Acolho o chamado que me anuncia um oásis de mansidão
Que tem perfume de mil flores a acender meu entusiasmo
Não hesito em mergulhar entre seus belos vales e montes
Beber em sua fonte, a qual saboreio lenta e ritmadamente
Até ouvir seu cantar iniciar e num crescendo ser explosão
Descubro que em seu interior existe um animal selvagem
Uma pantera, de garras afiadas que apontam à minha pele
Mas deixo-a que me marque, pois eu sei que lhe pertenço
Queria ser o vento que traz o verão que logo se aproxima
Quero ser o próprio verão, ter infinitas recordações disto
A brisa que sopra breve os vales que de longe sinto o calor
Quero tudo isto eterno como só é o amor feito de entrega
E ao final de tudo imaginar-me um deus por toda a emoção
Que se faz refletir nos olhos da amada e assim sorrir feliz
O verso às vezes é grandioso, outras só espelho e verdade
Mas nasce sempre no coração, que é assim que diz te amar

quarta-feira, dezembro 18

Da medida do amor


O bem querer é a sombra projetada do amor em seu rigor
Que ilumina o outro fora da teia viva das vãs convenções
O carinho que se demonstra é o catalizador da confiança
Que celebra toda a individualidade sem a dor da saudade
O amor não se presume senão do impulso que vem da raiz
Não é algo geométrico que meça a existência em números
Está nos pequenos gestos, fora dos ardis da vida cotidiana
Que se faz ouvir mesmo em silêncio, pois é princípio e fim
Está escrito nas vertentes de uma constelação encantada
Cujas estrelas luzem, tintas dos sonhos que as emolduram
O amor se perfaz de bálsamos como uma eterna primavera
Que mesmo a chegada da noite, jamais lhe ofusca o fulgor
Na brancura do luar ilumina-se o gesto leve e transparente
O amor mostra sua força ao romper todos grilhões da dor
Quando se anda pelas veredas escuras do medo da solidão
É a mão que acena, a nortear os passos incertos na dúvida
Esvaindo os rastros deixados pelas lágrimas em nosso rosto
Não, o amor não é incorpóreo, reside nos sorrisos e olhares
Germina nas carícias e se multiplica na palavra sussurrada
Faz-se imperador ao se confessar sua existência no coração