Ama-me, mesmo que pouco por vez, o rio se faz de pingos
Anda entre meus poemas, eis que
clamam a tua presença
Breve o silêncio será engolido pelas
horas e o dia nascerá
Rapidamente o frenesi do dia me roubará
tua companhia
Toma mais um gole de vinho, ainda temos
tanta conversa
A manhã logo virá reclamar a si todos nossos sonhos azuis
Há tanto de ti dentro de mim que transborda
meus olhos
Que são pouco para beber toda imagem
de tua perfeição
Sim, fica mais um pouco, sem
disfarces, mais uma música
Olha, vê o orvalho prateado ao luar são
estrelas mínimas
Transpirando toda
ousadia e maravilha do pulsar do amor
Ama-me, ainda que venha a chuva e o vento te assustar
Porque te trarei entre meus braços,
além das aparências
Pois, mais que tudo, juntos somos
porto e abrigo seguros
E jamais o inverno se multiplicará, frio, em nosso caminho
Enquanto o poema se reflete na vidraça, debruça e afaga
Na calçada já se ouve os passos dos
últimos desgarrados
Enfim é chegada a hora de partir já tendo
sede de voltar
Nos caminhos difíceis
da vida, só anda quem ainda sonha