quarta-feira, novembro 27

Amanheceu


Hoje o dia amanheceu como uma vez pedi aos ventos
Confundindo-se o sonho e real na pontualidade do sol
A mover fictícios moinhos no caminho das lembranças
Por ti me acordei desse sono e caminhei até as janelas
As imagens do fulgor da noite estão lá como pulsação
Recolho os versos que escrevi das gavetas da lua nova
E trago-os à tua luz onde minha alma voa como estrela
No véu do coração te ouço cantar uma canção divina
Teus passos palpitam no azul que vai se descortinando
A correnteza do amor leva longe a tristeza e a sombra
Levando a ausência para além da distância geográfica
A vontade de estar contigo é irmã de insônia, desatino
Quero viver nesse amor, de peito aberto, sem fórmulas
Abandonar a mala das memórias, de todo o desconsolo
Saiba, que nestes versos não existem palavras de ontem
Pois são só teus, verso e reverso, fruto de meu suspiro
E os componho só para ti como um canto de esperança
Para te dizer que mesmo no dia a dia não és nada trivial
E toda vez que sei de ti, seja perto ou distante, és única 

quarta-feira, novembro 20

Cântico

Quando te vejo sorrir com teus dentes brancos
Entre os teus lábios róseos, macios e brilhantes
Penso que teu olhar se ilumina como a lua cheia
Imagem que dentro de mim jamais deverá minguar
Pois que essa imagem dourada é meu real tesouro
Solta os cabelos, deixa-os brilhar sobre os ombros
Porque és o meu sol que se levanta meio ao bosque
Teu corpo traz o calor que aquece o meu inverno
Permanece assim comigo até o nosso último dia

Tenho buscado em silêncio ecos do teu coração
Como se fosse o murmúrio do regato na floresta
Tenho lembrado em silêncio da luz de teus olhos
Qual quem contempla enlevado a luz das estrelas
Tenho sentido por uma vida em silêncio o carinho
Dessas tuas mãos macias a acariciar meus cabelos
Acaso exista a tal ventura que os poetas cantam
Essa deve estar nas palavras que vêm da tua boca
Pois te ouvindo me esqueço das feridas da alma

cheguei a sofrer tanto, passar por quase tudo
Aquilo que se pode sofrer de pena e desconforto
Quais sinais logo deixarão de estar visíveis em mim
Cicatrizes que teu amor vem fazendo desaparecer
Importa que saibas que é minha alma que suspira
Quando sente no ar um delicado perfume de mel
Que decorre de tua presença e de tua respiração
Penso que és tanto brilho que o verão empalidece
No vale das lembranças és a nascente e a vida

Tudo que quero agora é tua presença constante
Para poder sentar-me ao teu lado na relva macia
E cantar uma primavera de coisas ao teu ouvido
Vou te tomar com ternura e paixão em meus braços
Doce e irresistível como uma tempestade de verão
Meu abraço vai te aconchegar junto de meu peito
Mostrar que meu coração é um cavalo sem rédeas
Correndo livremente onde o vento ondula os trigais
Eu desejo que nossas manhãs não terminem jamais

Poesia não são as letras ordenadas, deitadas no papel
Poesia é saber tua existência e ser objeto de teu amor


segunda-feira, novembro 18

Caminhar


Todos meus sentidos são por ti, criados só para te querer
Respirar teu ar, teu perfume me conquista, me deslumbra
Faz-me caminhar sem medo por veredas escuras e abismos
Abraçar-te nua para te fazer dormir e sentir tua pulsação
Dilui essa saudade cotidiana que me dá quando não estás
Ouvir-te confessar que me amas faz nada precisar ser dito
Enche meu coração de esperança, coragem, renova a vida
Carrego a intensidade de minha emoção, na ponta dos pés
Qual um silêncio que se situa entre algo sagrado e o sonho
Para conquistar teus beijos, sufocar teus medos, te cuidar
Amo-te sem segredos do âmago de mim em toda a essência
Que a palavra amar possa conter de real, sólido e tangível
Mas que a um só tempo é também etérea, fluida e sublime
Tua existência ficou impregnada em minha pele, tatuagem
 Fecho os olhos e sei que fazes parte da natureza e de mim
Há muitas estradas a percorrer, tantas montanhas a galgar
 Flutuar entre os cisnes, caminhar sob o manto das estrelas
Trazemos ao cotidiano memórias a alimentar nosso dia a dia
Tu, a flor cuja cor me seduz e o brilho de cristal me ilumina
Eu, um novo poeta que vai aprendendo a escrever do amor