Assim passou-se mais
uma alvorada de perspectivas funestas
Assistimos uma
disputa de poder acima das vidas em ameaça
Não se trata do perigo vindo do espaço, qual a ficção
previu
Trata-se de um jogo
de frases, do egocentrismo de uns tantos
Nem mesmo do mal em
si, o tal vírus, que veio mudar a ordem
O pior mal são os
egos, as vontades de se arvorar em salvador
Que se olvidam que o
salvador é Um, bem como é seu Verbo
Se fosse ouvido fosse nos mostraria o caminho a ser
trilhado
A salvação está na
solidariedade, compaixão e compreensão
Está no coletivo, no
todos por um e cada um no que lhe cabe
Mas minha voz é pequena,
assim como o coro dos desvalidos
Que equivale a silenciar-nos
diante de poderosos autocratas
Isso é o que era antes
e continuará sendo depois dessa onda
Iremos no escuro, cingidos das faúlhas do sangue
derramado
Em pouco tempo a lição oblíqua desta luta estará
esquecida
Ao final, será só um
mundo de lamentos, justos e profundos
Pois as coisas todas se
arrumam, independente de você e eu
Quiçá tudo isso trouxesse alguma iluminação a curar
feridas
E o medo se transmute em esperança, o furor em algo de
paz
Que haja um empréstimo de luzes novas pelas redes
sombrias
Espero que haja um
canto pacífico das vozes antes convulsas
Recriando a primavera, onde antes já fora um chão
calcinado