quarta-feira, agosto 18

Morrer de Amar

 Porque por vezes me dás essa sensação de abandono, que te falta?

Sei eu não espelho a perfeição, nem perto disso, nem o que espero

Eu queria aprender a velejar nas tuas leis, mas não te compreendo

É sempre esse silêncio em que só tu que falas, mas não me escutas

Permaneces distante mesmo presente, chegas no corpo não a alma

Mesmo que eu me reparta em tantos não me entendes em nenhum

Tenho um pomar nos meus versos, delicados tal o pêssego maduro

Intensos qual o rubro das amoras, doce como as cerejas que colhi

Por vezes, reconheço, azedos qual o maracujá e ainda são só teus

Mas é a tua ausência o caderno onde escrevo os poemas noturnos

Enquanto as flores fecham suas pétalas e reservam seus perfumes

Nessa longa espera, até que o novo dia e outra espera amanheçam

Cada manhã eu renasço na esperança que ao chegar venhas a mim

Pois a paixão mora em mim, bem fundo em meu coração alucinado

Dessa minha adolescência tardia, que fiz só para estar ao teu lado

Descansa esse lado pedra, que te quero flor, para regar não colher

Tira das costas o peso de ficar em guarda, eu me inventei só prá ti

Depois vem, que tenho fome de amor, corpo e alma, vamos brincar

Correr pelas campinas, de mãos dadas, deitar na relva e apenas rir

Seguir pelo rio, rumo ao mar onde, enfim, eu possa morrer de amar

 

segunda-feira, agosto 9

730 dias contigo

Como poderia eu imaginar que há dois anos atrás o amor venceria

Noites tão imensas em um coração desolado a lamentar o futuro

Recordo que quase te perdi nos planos opacos que o destino faz

Hoje te precipitas em meus sonhos dos quais retiro estas palavras

Qual se pudesse extrair da linguagem algo do que significas a mim

Quando estás distante, penso que não existes senão em meus olhos

E que te imaginar minha é só a forma de abstrair o mofo das horas

És o pão de toda a ternura que me resgatou dessa solidão feérica

Que me incendiou a carne e também a alma nas transversais do dia

És aquela que deita minha pena ao papel me resgatando do silêncio

Que retirou meu coração da sombra que vivia no varejo das horas

Fazendo o sol comparecer em mim no oásis que és meio ao deserto

Ao teu lado sou menino e me cego às dores de dias ácidos e febris

Ainda resistem na garganta resinas amargas que contigo se diluirão

Anseio te dar o que for o melhor de mim, do que a vida me ensinou

Dar asas à ternura para planar em tua direção nos ventos do amor

Que seja leve e brilhante como a brisa entre as árvores nas manhãs

Se não posso mais, recebe este poema, fruto do bem que quero a ti

Flor da minha primavera, perfume das minhas flores, cor do meu dia