Hoje, quando o sol raiou, encheu o dia com um quê de
poético
Algo se fazia ouvir de lá distante tal um antigo som
de realejo
Não se sabia donde vinha, mas era prenuncio de uma
chegada
Trazia no ar o cheiro das castanhas assadas de
antigos natais
Que mistério se reservaria nos serpentinos caminhos
da vida
E tu, felicidade contida, bem sabes da solidão de
meu coração
Das recentes chagas abertas e da luta deste poeta em
curá-las
Diz que tens percepção de mais uma volta da roda do
destino
E trazes ópio e o linimento para as dores de quase
anteontem
Ela fôra apenas uma imagem nas voltas labirínticas
do sonhar
Mas chegou este dia e ela tornou-se do improvável à
realidade
No meio de uma tarde insuspeita, ela surge trazendo
sorrisos
Não foi apenas vê-la, foi que as demais pessoas
desapareceram
Meu olhar se iluminou, pois sei que quero tê-la na
minha vida
Veio redefinir em versos o que era sonho e o que se
tornou real
E assim se instituir uma nova primavera de alegrias
imotivadas
Dia a dia que eu a possa relembrar da inutilidade
das lágrimas
Que as mágoas da vida servem para recordar as manhãs
de sol
Mas esse foi apenas um degrau de uma longa escalada a
vencer
Como te convencer que sou o melhor para ti e somente
eu seria
Teu escravo ou guerreiro, teu amigo ou amante sempre
teu amor!
Todo dia é bom dia para morrer, se de ócio, suave,
brandamente
E ressucitar à tarde, ao ocaso, na intensidade dos beijos
longos
Iludir a morte faz com que se volte mais forte,
pronto à batalha
Vens para vencer, quem quiser que fique com o fel e
a descrença
Hoje, com o sol se pondo, o dia termina, poeticamente
misterioso
Hoje, com o sol se pondo, o dia termina,
misteriosamente poético.
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