No que destes
olhos abertos o sono não descansa
Paire diante
deles as imagens da paisagem ao léu
Lembranças azul-lacunares
nos toques desfeitos
Nessa insubmissa revolta para
entender o que há
Na cegueira muda que revela um
quase abandono
Uma chama que não arde, memórias
adormecidas
A caneta que
rasga no branco imaculado do papel
É a que risca
o poema e que resgata a alma solidão
Cada estrofe
inventa um novo sol, um calor macio
Como a seda
e que infiltra o som de rio lá da serra
Minha voz rouca tem o timbre
surdo dos avessos
Se propaga sedenta à revelia
pelas portas abertas
Das perguntas dos que acham saber
as respostas
Mas seu equívoco é máscara
estampada no rosto
O poeta revolve a vida como quem
abre um poço
Ser pássaro não é só voo ainda tem
que ser canto
Mesmo que trôpego
de soluço, prostrado ao chão
O voar é a ligação das coisas
invisíveis às visíveis
É um istmo
de terra que se liga ao começo do céu
Por aqui a vida sempre segue,
apesar das árvores.
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