Chega a noite e suas faces ocultas de carvão, segregam
o negrume
Espalha-se no
ar, entre signos de um sonho azul, uma música antiga
Que ecoa no
concreto da selva urbana, onde agora é tudo distante
No silêncio do meu quarto, é tanta solidão que a sombra
faz ruído
Ouve-se o mover de passos ausentes e sente-se o calor
da ausência
Por todas as indagações que ficaram nesses caminhos mal
traçados
No reflexo
baço de indesejadas memórias de um adeus que não dei
A ventania dos
tempos bate seus cascos pelos desertos anunciados
Os trens do
isolamento carregam a dor da tristeza que viaja em nós
O grito súbito
da noite alerta para a faina diária, lâmina viva do dia
A geometria silenciosa da madrugada traça a parábola da
escuridão
Nas dobras da palavra, o poema frágil e transitório,
afinal recompõe
As linhas que
o destino capta e nos aprisiona em verdades relativas
Eu, pássaro e
minhas asas em chamas a sobrevoar o
pó das estradas
Recolho as tempestades em cor e som na perpétua roda dos
tempos
Apesar da cegueira dos que nos julgam, um novo dia há
de renascer
Com a luz do dia tudo irá reflorir no sonho límpido
dessa primavera
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