Se escrever é fazer mágica, sou um mago; se for transformar, sou alquimista; se for dominar mistérios, então sou bruxo. Vim transmutar sentimentos em palavras e vice-versa. Os poemas falam de imagens, sentimentos e sonhos. Tudo se passa na vida real ou na surreal. Ao lê-los tenha atenção ao que está oculto nas entrelinhas. Deixe que os versos te levem onde o vento quiser levar. A musa de meus poemas é a vida. Estejam atentos, pois as palavras são metade de quem escreve e metade de quem lê.
terça-feira, março 16
sexta-feira, março 12
Chegaste
Chegaste depois que vida percorreu tantas curvas e veredas
Mas, enfim que chegaste para desfazer as presenças antigas
Ocultadas pelo pó cego de uma arcaica noite que carregava
Move-se dentro de mim uma paixão, qual um animal irascível
Caminhando sempre cá e lá entre as sombras de meus sonhos
Em busca dos esparsos íntimos minutos que são nosso esteio
Viverá na esperança de renascer nesses belos minutos do amor
Da troca de olhares, da permissão de olvidarmos nossas idades
Resgatando a adolescência onde tudo é simples para a paixão
Mesmo cavalgar cavalos marinhos pelas tempestades que vêm
Até dizer eu te amo, ainda quando nada parece fazer sentido
E nos sentimos qual uma nuvem perdida boiando no horizonte
Chegaste quando a vida já gravou mil cicatrizes na minha pele
Mas, enfim que chegaste para me permitir olhar ao outro lado
Talvez sorrir, ainda que minha estrada se margeie de espinhos
Para ousar arvorar-me fora das cinzas do tempo, te dar a mão
Ver que o destino gravou teu nome nas pedras do meu caminho
Para que eu siga sem me perder, sem jamais temer os fantasmas
Se nada é como se esperava ser, este amor urgente sobrevive
A esgueirar os olhos entre estrelas deserdadas, pulsar febril
Onde os sóis foram dilacerados em palavras roucas ao vento
Num mundo que devaneios cegos preenchem a tarde amarga
Toda música foi trocada pelo silêncio que me cerra os lábios
Mas a palavra certa resiste, solitária, neste coração de poeta
Chegaste para que eu escreva a última palavra noturna do desejo
No vento do outono que virá, em breve, a soprar as folhas mortas
Estranha Alma
Sou uma alma desnuda quando escrevo meus versos
Minhas mãos cheiran a alfazema e assim vão morrer
Quando o inverno chegar, usarei minhas meias de lã
Irei recordar o cheiro perfumado destas flores lilás
Sou uma alma que desconhece limite, sangue quente
‘Oriundi’, corre em minhas veias mescla com tropical
Mas nem por isso, se possível, vir perder a elegância
Tenho apenas um coração para tanta dor que sinto
Sou uma alma que gosta do verão, outono demora-te
Quisera fosse um lírio ou uma violeta, alma inquieta
Não gosto de dormir, mas durmo facilmente também
Adaptei-me ao mar, sou da terra, campo ou montanha
Sou uma alma que nada sabe, não tosca, porém, singela
Gosto de carícias e afagos, gosto dos ventos do campo
Penso um tanto nos sabores, nos suspiros e fragrâncias
Há vezes sou sequioso comigo e minha pena não calará
O corpo morrerá, a alma seguirá a escrever seus versos.
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