Se escrever é fazer mágica, sou um mago; se for transformar, sou alquimista; se for dominar mistérios, então sou bruxo. Vim transmutar sentimentos em palavras e vice-versa. Os poemas falam de imagens, sentimentos e sonhos. Tudo se passa na vida real ou na surreal. Ao lê-los tenha atenção ao que está oculto nas entrelinhas. Deixe que os versos te levem onde o vento quiser levar. A musa de meus poemas é a vida. Estejam atentos, pois as palavras são metade de quem escreve e metade de quem lê.
segunda-feira, dezembro 27
segunda-feira, dezembro 20
O poema
Meu poema não nasce do sono, nem de indigentes palavras
Meu poema nasce sem nome, dispensa projetos herméticos
Nasce da solidão que me habita e de clandestinas alegorias
Vem de meus transes, qual trouxesse um presságio invulgar
Meu poema se forja no aço da vida, a superar meus medos
Meu poema se alumbra com a luz que ilumina meus gestos
Nasce por todo canto entre as tábuas pisadas da memória
Vem de pequenas sementes, germina onde a beleza estiver
Meu poema resiste ao silêncio que, transido, o estrangula
Meu poema não tolera a indiferença, o morno, o ambíguo
É a prece que se murmura na cruz do oblívio das paixões
Vem bailando nas nuvens, nos cânticos das quartas-feiras
Meu poema se faz com a marca de quem procede do fogo
Meu poema transita pelo bulício das tardes de primavera
Para iluminar a bruma das almas e para regá-las com vinho
Gerado no mar, mas aprendeu voar no espaço sem limites
O poema é um cântico feito com os vocábulos mais azuis.
Sublime
O que seria de mim sem o sublime existir dessa moça
Que tomou o lugar de onde viviam angústia e solidão
Como não admirar a plenitude da juventude madura
Que concilia serenidade e graça, que nela florescem
Como não imaginar que é seu riso que move estrelas
E que a lua só brilha no céu, por inveja de seu brilho
Minha musa me fez cantar e me sentir livre se canto
Como descrever o inefável que ne acorda a cada dia
Talvez seria imaginar que a rosa vivesse eternamente
Antes dela, por vezes, tudo foi só o papel em branco
Sua vinda fez um murmúrio tornar-se a voz dos anjos
Ontem quando o poema era só um desejo da infância
Hoje faz estas linhas indomáveis, o longe é justo aqui
E quando a conheci, foi então compreendi a verdade
A vida necessita bem mais que comer, beber e dormir
Impõe sofrer para ser homem, amar para ser um deus
Não obstante, ela me fez mais, me fez renascer poeta
quarta-feira, dezembro 15
Silhueta
Lá nas trevas chove sem trégua, tua face exausta me fita
Vejo tua imagem refletida na janela, tua silhueta elegante
Teu movimento cadenciado quando teu corpo me escala
Sabe o teu dom? Eu me nutro dos teus lábios abundantes
Escondida na tua própria criação te desprendes nua e ris
Teu voo faz uma lenta curva no ar, treme e me trespassas
Por esse tremor, empresto minhas mãos para te descobrir
Para celebrar, nesse enigma irrevelado que são teus olhos
Tateio as mãos a buscar essa figura de súcubo à meia luz
Busco traços de tua fala, na boca que busca minha boca
Que vibra ao toque a me revelar que encontrei teu rumo
Se o riso é a porta da alma, os dentes são a cerca de casa
Grades que invado, finges que me renega, mas me desejas
Sou para ti, não temas o cantar desse canto vil e precário
Um poema que, nas tuas páginas abertas, afaste a solidão
Que traços me trazes, com que letras criastes este sonho
Que me desconstruiu os sentidos e me despiu de palavras
Chegaste de repente, tomaste minha alma, pois que fiques
Não vou te prender, vou deixar este desejo fluir até o fim
segunda-feira, dezembro 6
Insulto
Quem fôra eu senão aquele que deu de beber à morte
E agora canto à lua no âmbar de seu enorme nascente
Eu que talvez simplesmente não creia no final sinótico
Todavia perceba que aos mortos idade alguma convém
Há tempos descobri a verdade sobre a flor da infância
Que, imperecível sobre a mesa, era plástica e sem alma
Já me senti estrangeiro nesta terra, que não sou daqui
Mas bem aceitei, qual oblação viver esta vida por aqui
Desde então, foram muitas idas e lágrimas derramadas
Porque eu senti a extrema solidão do vento que passa
Hoje vim para escrever um poema de palavras gravosas
De versos que fendam cada consciência como punhais
Palavras vindas dos amanheceres da inocência perdida
Para relembrar essa voz extinta, na garganta da cidade
Um homem que não se ama, é jaz um homem derrotado
Fadado a navegar na quietude das caravelas do pranto
A tua face é o exemplo de como as coisas evaporaram
Uma distração do olhar e, de súbito, nada mais é igual
Tive tua boca na minha e não vi o singular ato de tê-la
E, em minutos impiedosos nem mesmo o ato de perder
O inverno chegou e qual um insulto, eu nem o percebi
Nem descobri qual palavra poderá remir os erros meus
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