Se escrever é fazer mágica, sou um mago; se for transformar, sou alquimista; se for dominar mistérios, então sou bruxo. Vim transmutar sentimentos em palavras e vice-versa. Os poemas falam de imagens, sentimentos e sonhos. Tudo se passa na vida real ou na surreal. Ao lê-los tenha atenção ao que está oculto nas entrelinhas. Deixe que os versos te levem onde o vento quiser levar. A musa de meus poemas é a vida. Estejam atentos, pois as palavras são metade de quem escreve e metade de quem lê.
quarta-feira, abril 26
terça-feira, abril 25
A Forja
É imperioso acreditar nos sonhos para se compreender a poesia
Bem antes das respostas situa-se o entendimento das perguntas
A notória inclemência do tempo se opõe dura ao conhecimento
Uma só existência é tão curta para tudo o que deve responder
O que quero, o que devo e o que posso coexistem todas horas
E impende que saibamos diferenciar a farsa, da inocente ilusão
Saber disso não se mostra nos brados dos discursos inflamados
Antes, nos pequenos silêncios interiores que a vida nos permite
E quando se acha tudo se fez claro, explicável pelo nexo lógico
Há a poesia que, com afeto, a nada pacifica e a tudo questiona
O poema não germina das elaborações magistrais dos intelectos
Reside adormecido nas entranhas, nutrido das dores de amores
O verso aguarda, qual aço na forja, o ferreiro que o fará lâmina
Para reabrir as chagas indeléveis da alma, ao expor seus medos
E qual a argila que ganha vida na mão do artesão, desses medos
Moldará o orgulho do poeta ao saber que a vida deve ser vivida
Intensa, pura, além das aparências, sem recuar ou medo de sofrer
Admitindo que até nas perdas seu coração pareceu quase imortal
Pois não sabemos onde estará a linha de chegada na prova da vida
Ao apagar das luzes, o romance e os sussurros mostrarão seu valor
O mesmo poema cantará tantas chegadas quanto outras partidas
Quão vazio seria o ressoar da voz se não tivesse histórias a contar
Triplo
O dissidente Ontem, ele era homenageado nas
briosas bocas da naçãoHoje, na verdade, é o vendido, o
traidor, o canalha servilNão é o que você é, mas o
momento em que se encontra A palavra Aos poetas não se aplica a
máxima popular que assim dizA palavra é de prata, contudo o
silêncio é feito de ouroO silêncio da poesia é sinônimo
de que morreu a palavra O poeta O mundo não te escuta poeta a
auscultá-la em sua insôniaUm Quixote a cavalgar pelas
sombras, teimoso, belo, loucoSó porque insistes nesse canto
vívido de amor e esperança
segunda-feira, abril 24
O erro da matemática
Ela derrubou o seu corpo, o
rosto perfeitamente maquiado
Do alto do edifício, levando
na bolsa umas fotos de família
Que guardara,
estrategicamente quando decidiu por partir
Em cada orelha uma pérola
falsa, mas brilhantes como o dia
Na boca levou muitas das
palavras que não foram (mal)ditas
E guardou em torno do
decote, para alguém, a sua equação
Debruçada sobre o peito a
frequência de sua própria queda
Levou também tantos adeuses,
que nem os conseguiu somar
E nas pernas ficou o carimbo
das cartas que nunca recebeu
Desprendido da pele num
impacto surdo que só a queda faz
Isso é a vida, amor. Uma
queda. Tentar agarrar-se numa mão
E ao descobrir a essência de
tudo, soltar-se para, n’um salto,
Sentir a cidade que vem
chegando tão veloz sob os seus pés
Nas linhas da dedicatória
escrita com batom atrás das fotos
A mulher explica sobre essa
escolha, mais curta para o chão
Por saber geometria, observa
só bocas paralelas na sua vida
Pelo que conclui que tudo
irá se juntar, somente no infinito
sábado, abril 22
Amar já
Não se
entenderá sobre amor associando-o ao curso das horas
E nesse
processo pode julgar-se, sem razão, que todos amores
Carecem do
passar de um longo tempo para se tornarem vivos
Como não
amar-te agora se és a melhor imagem de eternidade
Estás além
da ideia de tempo que é o templo fugaz do efêmero
Que a tudo
consume, a beleza, a força a virilidade e a si mesmo
Não se
entenderá o amor se julgá-lo à luz dos erros do passado
O passado
foi apenas uma lição que hoje se chama experiência
Quem sabe
química, sabe que são necessárias várias até acertar
Como não te
amar já se és qual minha própria imagem refletida
Se és o que
tenho de especial e tudo que desejo desejas também
Os opostos
só se atraem na física, não na vida e menos no amor
Não se
entenderá o amor se não se vivê-lo intenso e sem limites
O amor não
aceita que se o fracione, esquematize ou comprima
Para que
caiba na expectativa de quem vê a vida de forma linear
Como não te
amar se na tua ausência minh’alma chora de vazio
Se és o
carinho que me acolhe o espanto na hora que a dor vem
Recolhe
meus pedaços me refazendo como o melhor que já fui
Não se
entenderá o amor se não souber do fogo que nos assoma
Arrebata
nossos corpos, tirando-os de nosso controle de mortais
Fazendo-nos
deuses e o amor a elevar-nos às nuvens do Olimpo
Como não te
amar se em meu projeto de vida está tua imagem
Se és meu
alicerce, as colunas que me sustentam e meu telhado
Lembrar de
ti é lembrar do cheiro das flores, da doçura do mel
Não entende
de amor quem procurar porquês em nosso amor
Nosso amor
apenas é. E o será. Nosso amor é um hino à vida.
quarta-feira, abril 19
Virgula
Há vezes que sento-me na solidão do aconchego ilusório desta cadeira
E como hábito, um rito, um clamor ao qual não sei negar, me adjudico
Para ir buscar dores nas entranhas que já vi, que já ouvi ou que já vivi
Letras quais semeadas brotem lágrimas que sejam gênese deste poema
Em um canto de lamúria muda, o que revelo esconde a pessoa que sou
Onde caiu a vírgula, majestosa, tudo transforma e assim te conquistar
Definindo minha presença na tua vida, dentre os desejos mais solenes
Outros tão íntimos, em forma de poesia pálida derramada neste papel
Quem sabe desejos eletrificados, não importando se é amor ou paixão
Os sonhos que não se pode ler, ora que se ocultam, venhas despontar
Meus olhos já vislumbraram o irreal por trás de saudades petrificadas
Basta dessas horas mastigadas a instigar agonias que não se esquece
Cessem os conceitos ou postulados obsoletos para controlar a palavra
E do reproche nos caminhos pré-traçados e coreografias tão corretas
Busco a delicadeza na fúria, o trovão no sopro e um abraço infindável
Quero desconfigurar o mundo, sem medos cotidianos ou unhas roídas
Um só minuto e ir de encontro ao que sinto sem enganar meu coração
E ainda que não haja mais dor a ser sentida, ainda transpirem emoções
Na página virada rumo a amanhã, sentir teu cheiro em forma de poesia
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