Se escrever é fazer mágica, sou um mago; se for transformar, sou alquimista; se for dominar mistérios, então sou bruxo. Vim transmutar sentimentos em palavras e vice-versa. Os poemas falam de imagens, sentimentos e sonhos. Tudo se passa na vida real ou na surreal. Ao lê-los tenha atenção ao que está oculto nas entrelinhas. Deixe que os versos te levem onde o vento quiser levar. A musa de meus poemas é a vida. Estejam atentos, pois as palavras são metade de quem escreve e metade de quem lê.
quarta-feira, junho 28
segunda-feira, junho 26
Tragédia
Porque torno a te escrever se teus olhos verdes não irão ler
Pois não se trata de escrever o que fomos tu e eu, certo dia
Fosse pela tragédia de alguém que contasse alguma história
Mas sou eu o que amanhece de olhos úmidos a cada manhã
Como me pesa ter as asas úmidas, como me pesa esta pena
Minha tragédia, razão do abismo, foi não poder despedir-me
Não poder como a quem parte, desejar boa ventura, vá bem
Foi apenas um adeus caprichoso, mas que nem mais importa
Não se conhece o que há depois da morte, qual sorte d’alma
E depois que fechastes os olhos, ainda há cor? Ou há rumo?
Aqui a tragédia decora o quadro e a caminhada fica tortuosa
A lembrança é uma síntese vermelha, cravos sobre as águas
No papel manchas negras para ocultar essa dor sem sentido
E volta-se ao velho livro já lido uma e outra vez e mais vezes
Que mesmo assim vai murchando qual secam as flores rosas
Na paisagem crestada que, então, tem orlado minha estrada
Com remos de palavras venho remando entre ondas escuras
E as sombras podem se confundir com o alento e com flores
As flores que se alimentam de lágrimas, sem nunca ter nome
Dos nomes e nomes que eu disse depois e só chamei o vazio
Por vezes os poetas inventam palavras e as palavras mentem
Ouvi teu nome e não estavas quando a morte bateu à porta
A lembrança é a síntese de tudo, do olfato, do gosto, da pele
É também da tragédia, o dia seguinte que jamais se quis ver
sábado, junho 24
Vitrais
Ah, eu queria impedir a aparição de tua figura
Fechar com cadeados a tua lembrança em mim
Silenciar o teu perfume nesta teia tão confusa
Nutrir o olvido c'as exuberantes imagens tuas
Fingir que, de repente, não me roubas o fôlego
Que os teus olhos tão mansos quão profundos
Já não me fitam de soslaio, quando me distraio
Teu corpo nu, demasiado meu, tão vertiginoso
Que, por decoro não revelo, tanto me inundou
Felina, doce e incontrolável ignorando as portas
Que eu punha para negar a nossa cumplicidade
Disso tudo, agora me sinto incapaz de esquecer
Ao invés, faço, à maneira de um eco, é ressoar
Eu te multiplico, reinvento em tantos espelhos
E já que estou como um louco, que fosse feliz
Na sonoridade de tua lembrança que me toma
Dourada, marcante, por vezes, serena e ligeira
Por vezes com a profundidade de um lamento
Noutras desesperada e violenta qual o silêncio
Mas sei que falharão as tentativas silenciar-te
Pois não há como calar algo da história de nós
Que vive a buscar mais, mas jamais incompleta
E o tanto que já te quis, derramei neste poema
Onde eternamente bailará tua luz intrometida
Através dos vitrais dessa minha eterna solidão
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