Se escrever é fazer mágica, sou um mago; se for transformar, sou alquimista; se for dominar mistérios, então sou bruxo. Vim transmutar sentimentos em palavras e vice-versa. Os poemas falam de imagens, sentimentos e sonhos. Tudo se passa na vida real ou na surreal. Ao lê-los tenha atenção ao que está oculto nas entrelinhas. Deixe que os versos te levem onde o vento quiser levar. A musa de meus poemas é a vida. Estejam atentos, pois as palavras são metade de quem escreve e metade de quem lê.
quarta-feira, dezembro 27
quinta-feira, dezembro 7
Persistência
Na sacada da casa em que vivíamos há tanto a lembrar
O tempo desgasta o que o observa, devora lembranças
E o silêncio reina absoluto nas trilhas de tua ausência
A vida é estrada rústica de pedra sobre pedra e barro
Acima, é a amplidão, o céu que a tormenta se apregoa
Como fosse um áspero telhado que esconde os astros
De onde jorrará raivosa, a água qual um mar de chuva
Se merecermos, a vida seguirá e acercarão os invernos
Um par de janelas e uma quase invisível teia de aranha
Tecida na varanda da casa onde, insone, fazia poemas
La fora, o vento assovia as suas melancólicas canções
Sacode a todas árvores emudecidas de tuas memórias
Que guardam adeuses pendurados em meio aos galhos
São como uns pequenos alfinetes coloridos num mapa
Anotando entre o cheiro da borrasca o rumo a seguir
Na noite enfurecida, derramam-se relâmpagos do céu
Aqui é tudo abismo e a morte já não contrasta a vida
Sigo exilado de teus carinhos, pois te tornaste etérea
Depois disso fui obrigado a seguir fingindo estar vivo
O umedecido e solitário rosto sabe lá quanta tristeza
Que persiste, não em flama, mas numa desnudada luz
Persiste, qual a vela distante, alento que já apagou-se
Persiste, não n’algum vaso ou na arisca gora de chuva
Na luz das tochas que incendeia a mão que a carrega
Persisto, como túmulo sem epitáfio, sem nada a dizer
Assinar:
Postagens (Atom)