O rio
corre sobre seu leito esgueirando-se entres pedras
Vai de
forma resoluta, com decisão, seja qual o caminho
Nessa
rota, a água com desenvoltura, despida de orgulho
Acompanha
as curvas e saltos, sem perder de vista a meta
Importa
ter no olhar a certeza de quem olha a realidade
A
estrela lavra seu brilho místico ou matemático no céu
Sendo
imponente como Aldebarã ou discreta como Mira
Mas lá
está a compor o tecido noturno que cobre a terra
Brilho
que pode já não existir, na imensurável distância
Importa
ter na fala a clareza de quem fala com verdade
O fogo
flui sua energia tão inegável quanto incorpórea
As
labaredas abarcam as achas de lenha a consumi-las
Mas o ardor
consome a si na brevidade de seu apogeu
Fulgura
sua chama em direção ao alto como uma prece
Importa
ter nos gestos a fluidez de quem é só essência
Na
poesia reside um coração já combalido dentro e fora
Ferido
pela dor física a que lhe impinge véu o cotidiano
Mais
pela dor da intolerância de quem deseja comandar
Caminhando
sem destino, sem um lugar onde retornar
Importa
ter no coração amor como só o poeta sabe amar
O vil
metal a comandar as vidas de quem menos se espera
Obrigado
a deixar minha casa por não tê-lo neste momento
Cínica
promessa na saúde ou doença, na riqueza ou... rua
Na
doença eu imaginava que alguém iria me poupar da dor
Importa
ter na mente perdão àqueles que não sabem amar
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