Há muito que perdi o bom senso de acenar cordialmente
De explicar o que minha inteligência resolve
conjecturar
Dos mistérios que trato como sendo
por demais natural
Mas é assim que te quero, tão simples,
creias, nada além
Que venhas sem cerimônia e chegues como a tempestade
Devastadora, para renovar tudo
que não faz mais sentido
Com a beleza dos relâmpagos que cintilam azuis da
noite
Que sigamos entrelaçados por entre a esperança de
viver
Não espero que peças licença a fazer de mim teu
escravo
É o que prefiro ao silêncio da solidão que a sombra
aflora
Quero cada um de teus gestos, quero cada um sonho teu
Que a alegria seja o nosso lençol
sob o céu da primavera
E o poema seja o incêndio interior
manifestado no papel
Te relembrar que és totalmente minha, és o quanto
basta
E depois de ti já não sou um pássaro abandonado no
azul
Pude reaver aquele olhar que um dia abdiquei no
espelho
Não te quero batendo pela porta da frente de minha
vida
Onde se apresentam os visitantes
que nela chegam e vão
Pois teu ser se instalou dentro de
mim sem pedir licença
Para estar no quintal de minha vida
porquanto eu existir
Comemoro tua chegada, como náufrago ao chegar à terra
Pois que sou teu e cada ausência tua,
como adaga me fere
Há muito minha loucura, mea culpa, anseia um sonho
real
De te possuir em todos os cantos da casa, de noite ou
dia
Venha, a casa será de raízes de paixão e paredes
amarelas
Não terá a tristeza nas gavetas entre calcinhas e
vestidos
Nem o pânico de nossos passos a se afastar ao fim do
dia
Não terás a louca sensação do abandono, espinho da
flor
Terás minha voz perpetrada em
versos e o melhor de mim
No voo livre das palavras, reformar o caos, parar o
tempo
Reinventaremos nosso destino que
será escrito no vento
Juntos, até tornar às estrelas, num dia de verão qualquer.
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