Eu queria
escrever um poema dos fulgores do amor
Mas à ansiedade
fria dos corações há outros valores
Assim quedei-me
mudo nesse ardor em meus lábios
Vilmente enganado
com minha inocência recolhida
Entre promessas
vãs escritas no rodapé dos poemas
Juras que não resistiram a desejos
com menor brilho
Sucumbidas diante ao egoístico da
autovalorização
Dos receios
infundados que eu quisera te dominar
A noite cai e
o negrume se derrama triste pelas ruas
Sabes quanto tuas
noites podem ser vazias e escuras
O que fazer
destes versos que um dia escrevi só a ti
Que diziam de
nossa história, de sonhos e esperanças
Eram tantas folhas
de poemas vicejantes como luz
Era tanto sentimento em palavra,
era tanta verdade
A expressão de um amor intenso, vivo,
quase juvenil
Mas ora é mais
nada, soterrado por teu orgulho vil
Trocastes as estrelas por algo
menos de sete mirréis
Eu que ansiava te proteger, herdei
de ti o abandono
Eu que parei o tempo para te amar
recebi de ti a dor
Meu legado foi
a indiferença diante da janela vazia
De nada adianta dizer o que se
queria e não se o fez
Vais sempre
falar em expectativas, mas não realizar
Te pedi uma
palavra e recebi apenas as indagações
Assim puseste
fim a um romance que brilhou como sol
Quando o luar iluminar o lugar ora
vazio onde estive
Conta cada um dos grãos de tuas
posses com avidez
Esses que te poupei, mas que ora
não te posso pagar
Conta também
todos sorrisos que não mais vais dar
E todos gozos
e suspiros que não mais terás e ao final
Sem olvidar de todas lágrimas que
ainda vamos verter
Poe na
balança de teus 51 anos, vê o que tu nos fizeste
Olha firme no
espelho e responde só a ti: valeu a pena?
:'(
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