São tantos os caminhos mas poucas
as escolhas
Pois o reino
do oblívio já soprou adentro de nós
Para nos conduzir
ao árduo ofício de ser normal
E recitar
este canto tão amargo quão sem brilho
Onde poderei encontrar a meninice
de outrora
Se a vida refoge fugaz entre a
brisa das manhãs
Se de cinza tinge o azul das
tardes emudecidas
Que se quedam caladas no umbral
do cotidiano
Velha
infância, restou de ti apenas as memórias
Já
desfolhadas muitas páginas desse calendário
Cada dia mais
acelerado neste ganhar e perder
O mundo é pequeno, termina bem
ali na esquina
Pela estrada, bem além dos amores
não amados
Até o
silêncio morre neste cenário de ausências
De deserto
em deserto longe do vinho e do riso
O caminho de volta se disfarça nas
entrelinhas
Pedaços
esquecidos de mim se refazem em verso
Num suspiro
súbito um ruflar de asas amanhece
É o poema que
acolhe em si o arcano e o enigma
Para guardar
em segredo a luz, a cor e a estrela.
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