O que se fez
daquele garoto loiro visto a singrar num barco ébrio
Embarcado sem saída numa
existência trágica, quiçá um exilado
Quiçá seduzido por antigas vozes imêmores
nas voltas do tempo
Paladino das palavras a avançar
pelas noites desenhando poemas
O poeta a traduzir e inventar
alquimias coloridas do vocabulário
Sem ter conta do tempo passado a
quem é tão-só uma tribulação
No mister de agregar letras
feitas de anseios qual cativar estrelas
Para romper os desvãos do silêncio
nas primevas tardes outonais
O caos que cala os ouvidos,
restando apenas vozes em monólogo
Vejo os egos
do cotidiano a exibir sua linda amante e não a amam
Nem ao menos lhe fazem amor pois
vivem de apologias e delírios
O poeta não
fabrica versos, é antes artesão a burilar os vocábulos
Nesse trato artesanal alforria os sonhos
aprisionados nas mentes
Na varanda, à cadeira de
balanço a poesia está além do horizonte
Para transmutar em luz o conceito de infinito e
segui-la ao longe
Sobre a imensidão do mar e sentir a saudade do que
nunca se viu
Entre a manhã que já se avizinha e a noite que
sussurra mistérios
Há um hiato no tempo, um som de violino, horas se tardam
advir
A aurora em confessa delicadeza
vai testemunhar das entrelinhas
O dever que, ainda na sombra
do vazio, ousemos adentrar o eterno
triste... e lindo
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