O que fazer se por trás do teu
melhor sorriso impostado
Nessa armadura fria em que te escondes, nada se
aquieta
Esse aperto no peito, ou o nó na garganta que não
desfaz
O que fazer do alto das tuas
fidúcias se quando dás conta
A tempestade se foi, mas restou o
som amargo do trovão
Porque talhamos signos para perpetuar no negro mármore
Tudo parece nos desafiar e abdicamos da aptidão de sentir
Sempre lutaremos contra os
sentimentos que nos habitam
Então teremos apenas abismos esmagadores
à nossa volta
Nas estradas da vida, retas ou sinuosas, na ânsia de
chegar
Quando nada nos realiza na tentativa de permanecer em
pé
Nos vemos diante de um labirinto de paredes negras e
altas
Na praça central as
palavras encenam um estranho festival
Singelas, entremeiam o silêncio
e murmúrio antes ocultado
Atrás das máscaras desse
cerimonial, faces se decompõem
Lúcidas. Na rotina angustiante, somos
prisioneiros na alma
Não distinguimos que nos está incrustado o anjo e o pecado
O paradoxo de trair para ser fiel,
estranho mundo de formas
Os sentimentos humanos têm
parâmetro num autorretrato
Algo mais singular ativa o
disparador e é tão logo rejeitado
Nos campos desnudos já não brilha
o amarelo dos girassóis
Como me ouvir, creio, se me ouvir
é a desfiguração do ego
No sol do meio-dia, sob as farsas
e intrigas, é só caricatura
A fórmula esquizofrênica mimetiza
uma abissal voz alheia
Como crianças confusas pela sua ingenuidade,
usualmente
Procuramos a resposta sempre nos outros, sem a
encontrar
Quando é obvio que as respostas e perguntas estão em
nós
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