Dias Melhores
Dia após dia
as palavras feitas de sangue e ouro nos brindam
Os poemas já
nascem tristes como lápides de ausentes heróis
O silêncio
abissal revela em notas musicais as folhas a caírem
Batidas pelas
gotas da chuva que caem no campo devastado
O vento leste
que sopra traz o odor de pétalas já ressecadas
Memórias das
tardes de incêndio interior às margens do mar
Mais uma
sílaba, mais um gesto e o pássaro voa longe demais
Alcança aquela
nuvem indolente, de água lapidada a flutuar
Ainda tenho a
garganta seca, quanto o coração me restará?
Sei que esse
medo é em vão, apenas vivos é que sentem sede
O sabiá caiu
da antena onde cantava, restou um sabor de fel
Será que o
paraíso existe para todos, digo, igual sorte ao fim
Há horas em
que minha mente dispersa, sim afinal reconheço
Foram tantos
pores do sol e tantas esperas e noites de chuva
Que nem mais
sei dizer como fazer para resgatar a lembrança
De onde vem a
certeza, clara, gentil, que dias melhores virão
Estas palavras
cansadas, eu sei, cobram um sabor de enxofre
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