Este poema,
vem como uma espécie de homenagem ao centenário da Semana de Arte Moderna de 1922,
rompendo com meu estilo usual de escrever, sem,
entretanto, abandonar a veia surrealista que é minha forma de dizer que a poesia foi, é e sempre será um
gesto de rebeldia.
Ah vida, o que
não fiz por amor
Janelas abertas,
mundo fechado
Versos
avessos, verbos errados
Buscas
concretas, edifícios virtuais
Ruas sujas e
caminhares descalços
Absolvição
silente ao pé do cadafalso
Por amor, eu
me fiz em verdade
Sofri, calei,
berrei sempre sem rima
O ser que
fala, aspira ao dom de criar
Perfaz do
sacrifício em seu desejo
O agridoce
sabor do desconhecido
Meu próprio
sabor de ter existido
Por amor vivi,
morri, sangrei, sorri
Sonhei sonhos
leves, sonhei pesadelos
Briguei co’a
escuridão na paz da luz
Ao pé dos
ipês, ouvi o bem-te-vi
Quis ser o céu
azul, o sol, o sal, o cio
Ao ver a
revoada das andorinhas
Sem medo me
lancei em ti, vida
Nas águas, nas
marés, na chuva
Fui
incompreendido, obra inacabada
Por amor, fui
pai e, assim, o filho
O poeta (o
homem) é apenas sopro)
O futuro é o
hoje, o oblívio da morte
Diga-me o que
resta fazer por amor?
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