domingo, agosto 6

Quando as peles rimam

Um dia o inverno fez as folhas caírem das árvores vazias

E, com a vinda do frio, todos pássaros voaram ao oriente

Mas, o sol surgiu ao som de sinos encharcados de preces

Um estranho desejo, chamado amor, ressuscita as folhas

Nesse impulso vi tuas longas pernas, no gingar da cintura

Dobrarem ritmadamente as esquinas de ruas empedradas

Tua chegada foi meu trem azul, numa manhã de domingo

Vi flores vendidas no mercado se acanharem diante de ti

Ante tua voz, ouvi falarem os mortos, ouvirem os surdos

Em ti, eu vi chegarem ao fim as tardes áridas de abraços

Teu sorriso tão branco ilumina meu céu, qual a lua cheia

Solta o teu cabelo para brilhar dourado sobre os ombros

Trazer o fim dos amanheceres frios a musicalizar meu dia

Viverei um sopro de flauta o tempo marchará preguiçoso

Meu corpo voará, com minhas asas, meu querer não pesa

Coroa-me princesa sem par, traz-me teu aroma de desejo

Minha pele rima com a tua, tal a rima dos versos de Bilac

Faz-me amor mais uma vez diz-me que a primavera voltou

Que te encontrar foi a minha lucidez nesta vida desatinada

Nenhum comentário:

Postar um comentário