Desde os mais ácidos tempos de pós
abril
Quando escrevi com os olhos em
lágrimas
Estes poemas que
emergem tão soturnos
Nestas noites de insônia do meu cotidiano
Que o luzeiro urbano encobriu as
estrelas
De qual brilho são só lamentos
silenciosos
Nuvens como esculturas singram ao
vento
Dando ares de
estar ao alcance das mãos
Porém efêmeras e distantes como o
sonho
Que se faz sonhar e que não se
concretiza
Outro outubro
finda nesta estrada só de ida
Em que tudo parecia pequeno e
intemporal
Mas afinal houve a tua chegada
inesperada
Ao tocares meu
coração, com um só gesto
Tornastes dias cinzas em tardes
ensolaradas
Forjando um sentimento muito maior que
eu
Que prospera não
devagar como a sequoia
Mas intenso e arrebatador qual um
tornado
Mostrastes que tu és o meu lugar no
mundo
E tua ausência um amargo no fundo da
alma
Então escrevo porque és encanto e
doçura
Estou só, mas não
sinto que estou sozinho
Estou só, contudo nunca eu estive tão
vivo
A noite, companheira de prantos e
estrelas,
Não mais me precipita na escura
melancolia
Penso nos teus olhos, sou ora teu
guerreiro
Sou teu amado, sou quem te ama, teu
amor
Sou o oleiro a esculpir o barro da
existência
Predizemos que nos pertencemos, sem
dizer
Sentados à beira mar, o sol se pondo,
rubro
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