É tarde. Considerando se for apenas o adiantado da
hora
O entusiasmo afronta o sono sem se render, ainda é
cedo
Cedo para adormecer perante a perplexidade destes
dias
Para dizer que já não iremos sonhar sonhos tão
sonhados
Dispersados por lamentos demasiado pesados aos
lábios
Cedo para que as palavras caiam no oco de promessas
vãs
Tão longínquas tal qual fosse um coro de vozes já
mortas
Nada disto se fará. Fiques descansada meu pedaço
de sol
Porque eu te amo, minha amada, eu te sinto agora
mesmo
Teu ser flui pleno em mim, vives senhora de meus versos
Dorme e não te aflijas, esquece deste mundo
conturbado
Amanhã diz-me que sou teu amado, que inda me
desejas
E caminha comigo pelas estradas nas tardes
ensolaradas
Onde não há prantos ou pecados, só sussurros e
suspiros
Onde a saudade se veste de amarelo e acena em alvoroço
Despedindo-se, pois ali na esquina é chegada a
esperança
Agora é sorrir, alinhavar as preces, findar a
espera escura
Ter a coragem de encher de sopros brancos as
incertezas
A noite vai alta e quiçá sonhes detrás dos cílios cerrados
É vez de recolher as adagas e lenços, de ceder ao
cansaço
É hora de acreditar no sim, relegar os fantasmas e
dormir.
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