Tenho sonhado contigo toda a vida, bem antes de te conhecer
Nos crepúsculos a promessa da tua
vinda que abrandou a dor
Ao despertar a minha boca recendia do
teu doce gosto de mel
Conheci a melodia
fugaz de teu corpo antes do primeiro olhar
O amor que trespassa meu peito é o
mesmo que me alimenta
Não o vês? Que nestes meus apelos
reside uma paixão febril
Embotada pela esquivança a que me
relegas quando demoras
E isso representa
tempos de angústia no horizonte próximo
Onde estarão os
ouvidos que compreendem minhas súplicas
Sempre que a noite vem e me encontra
deserto e abandonado
Para dizer-lhes da indiferença do
mundo por nossos anseios
Os olhos molhados
como um menino a queixar-se a sua mãe
Se ao buscar por
ti, não te encontro, a solidão me despedaça
O que fora um ingênuo sonho se torna
um cérebro em agonia
Será não
compreendes que o amor que tenho é um labirinto?
Nele meu coração
se envolve túmido da fome que sente de ti
Quando não estás assoma a melancolia
e a esperança se esvai
A mim só cabe a
espera infinita como pária na noite solitária
Uma vida que
teima ir adiante em busca nem se sabe de quê
E o que me resta, pela janela na rua
vazia, é o ladrar dos cães
Nunca olvides. És minha Pátria, meu
pão, minha paz, meu amor.
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