No chão de madeira corrida que reflete o calor das
luzes de outrora
Busco a minha identidade,
busco a imagem que me possa descrever
Agora
que o inverno já derruba as folhas avermelhadas pelo outono
O verde das colinas reside em tão só embargada e distante
memória
No passado recente ficou um som desagradável,
música malsonante
A tocar acre no meu ouvido e no suor que transpira
pela minha pele
Meu pensamento traz recordações assíduas de
abandono e silêncio
Dias ocos, repletos de partidas, de olhos sem
brilho, de mãos vazias
Mas o que passou é passado e o
mundo é uma campina sem limites
Eu que sou feito de anjos e
demônios, pronto a me doar ao universo
Tenho o medo impregnado em
mim e nas veias a loucura de desafiá-lo
Minha vida transborda
insanidade, intensidade, tragédias e comédias
Cada detalhe é a verdade ou
uma mentira sincera, um jardim florido
Derreto-me ao doce som do
aplauso, sou o mendigo entre tantos reis
Nada em mim será real se não existir de fato em
mim, sou dia de sol
Em mim o feio tem sua beleza, o amarelo tem seu tanto de vermelho
Caminho à beira das casas, de paredes caiadas e das
janelas cerradas
Meus lobos correm livres nas
planícies, meus trigais da adolescência
Sou menino-homem construído para
enfeitiçar, sou mil e sou nenhum
Eu creio no impossível e na minha pele ardem
chagas vivas de paixão
Sou o invite das nuvens cinzas
à chuva para misturar-se às lágrimas
Vim para encantar ou aborrecer, tenho asas e fogo, tenho dor e amor
Estou no trilar dos pássaros, na tua voz quente e
mansa a me chamar
Meu nome é Poema, moro na estrada do amor, onde o
olhar alcançar
Emane encantos e paixoes e o tempo o premiará com alegrias mil...
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