Há vezes que sento-me na solidão ilusória do aconchego desta
cadeira
E como hábito, um rito, um clamor ao qual não sei negar, me adjudico
Para ir buscar nas entranhas dores que já vi, que já ouvi ou que
já vivi
Letras quais semeadas brotem lágrimas que sejam gênese deste
poema
Em um canto de lamúria muda, o que revelo esconde a pessoa que
sou
Onde caiu a vírgula, majestosa, tudo transforma e assim te
conquistar
Definindo minha presença na tua vida, dentre os desejos mais solenes
Outros tão íntimos, em forma de poesia derramada pálida neste
papel
Quem sabe desejos eletrificados, não importando se é amor ou
paixão
Os sonhos que não se pode ler, ora que se ocultam, venhas despontar
Meus olhos já vislumbraram o irreal por trás de saudades
petrificadas
Basta dessas horas mastigadas a instigar a agonia que não se
esqueceu
Cessem os conceitos ou postulados obsoletos para controlar o querer
E do reproche nos caminhos pré-traçados e coreografias tão
corretas
Busco a delicadeza na fúria, o trovão no sopro e um abraço infindável
Quero desconfigurar o mundo, sem medos cotidianos ou unhas
roídas
Um só minuto e ir de encontro ao que sinto sem enganar meu
coração
E ainda que não haja mais dor a ser sentida, ainda transpirem emoções
Na página virada rumo a amanhã, sentir teu cheiro em forma de
poesia
Desconfigurar o mundo através da delicadeza da brisa, da fúria do trovão é achar a harmonia da convivência.
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