Bem ao longe o
perfume dos campos já saúda suas flores
Que hão de chegar
com os primeiros laivos da primavera
Há flores que se
despem translúcidas diante destes olhos
Para negar o
desespero nas curvas dos sonhos renegados
Uma
papoula rubra abre-se solitária na margem do poema
Acena lá da borda
ao mesmo tempo que ensaia um sorriso
Observa-me e se
compadece deste ser lacerado de descaso
Diz que ficaram no
passado tantos dias de dor e assombro
De
um caos instalado no corpo, arraigado no mais íntimo
Ao cheiro do vento
da noite sob mil estrelas que cintilam
Não tardará que em
meu peito se instale um soneto ditoso
Que brotou ao fim
do abandono, dessa espera consentida
Mansos poentes
apresentarão seus pássaros e suas danças
Tudo envelhece, a
voz cansa, mas a verdade é sempre nua
..
Sim, realmente,ficaram no passado dias de dor e abandono...
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