Os dias seguem
com suas bandeiras agitadas como de um exótico festival
Há no peito aquela
dor que silencia a fala, que, ao mesmo, tempo a cobra
A
dor que já não sei se foi de ti, se de mim, se de tudo ou se de tanto nada
Uma
dor e não para e nada para, como despedidas de um grande desastre
Hoje
o mundo não apetece-me. Há no dia um tom vago, incerto e nevoento
Algo
inexplicável e insolúvel. Como eu queria quem me ensinasse do mundo
A
desdobrar-se como a minha fada da sorte. Lançar os barcos ao mar, voar
E
deixar para trás o silêncio das casas assombradas com sangue nas janelas
Tristes
cenários em transformação pela minha vida afora a cada hora vivida
Queria
apenas ser eu plenamente, saber o que quero curar e o que nada cura
Fantástica
bandeira em rumos incertos, para onde longe é mais perto. Aqui
Silêncio,
bocas jazem escancaradas e gritos amordaçados que calam a noite
No
grande livro de imagens, um lenço bordado aparece em primeiro plano
É o lenço que acenou-lhe no embarque, mas ela, indiferente, nunca voltou
Há uma porta de cristal aberta entre tantos sonhos esquecidos à luz do luar
O que resta é um efémero arrepio, uma lembrança que esvaiu subitamente
É o lenço que acenou-lhe no embarque, mas ela, indiferente, nunca voltou
Há uma porta de cristal aberta entre tantos sonhos esquecidos à luz do luar
O que resta é um efémero arrepio, uma lembrança que esvaiu subitamente
O
último raio de sol da tarde se reflete em seus olhos. Afetos? Só desvarios
Ao
longo da muralha que cerca nossa vida há palavras de todas as espécies
Há
aquelas que nos chegam à boca quase ilegíveis, emparedadas, sem azul
Há
vida ou morte em cada palavra que se diga, mas só a certeza nos redime
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