Teus Olhos
Nada se compara ao passado vazio que era antes de
eu te amar
Hoje o sob o céu de veludo marinho e as estrelas
como contas
Cintilam para mim intimamente nesta minha porção
de pássaro
Que deu de asas para toda amargura antiga e voou novamente
O tempo já foi tão frio e distante nos espelhos
turvos da noite
Ora se abriga nesse teu sorriso cordial, ainda
descrente de mim
Não depreendes o quanto te quero, quanto tua luz me
fascina
Saibas, pois, que te busquei pelas auroras, por
uma vida inteira
Segui, esse tempo os rastros noturnos, que
rescendem a jasmim
Para te descobrir, eu recluso do tempo a cada
minuto da idade
Faço-os apenas minutos esquecidos, irrelevantes ao
saber de ti
Os que virão, quero-os cada um tal uma eternidade
ao teu lado
Olho teus olhos, penso nisso tudo enquanto a chuva
se anuncia
Enquanto o céu resmunga trovões e o vento sacode as
cortinas
A noite, que é a pátria da poesia, despertará estes
versos rudes
Que por mais verbos que conjuguem, não dirão desta
felicidade
Ou da esperança e do desejo intransferível de te querer
comigo
Enquanto o espírito do vinho, reclama ao sono que
se aproxime
Fito teus olhos, ainda estas distraída, faço uma
prece silenciosa
Para que o brilho do amor se faça novo, na claridade
do amanhã
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