Vidas Vazias
Foram tantos e tão longos os caminhos vazios desta vida
Vagas estrelas da noite carregam seus nomes em segredo
Enquanto o vento sussurra pela porta aberta das noites
O cão da ausência uiva para a lua escondida pela nuvem
Persiste na boca o sabor amargo das partidas sem adeus
Que resta quando a dor sobe do inferno fundo da alma
Os navios deixaram o cais e viajam suas distantes rotas
Entretanto a mulher que eu amaria já pertence a outro
E nos ventos díspares da madrugada, minha cama vazia
Exala um cheiro de bergamotas sob o lume de silêncios
Luz, estrelas e estradas, um constante perder e ganhar
Renasço nas palavras mortas com um resto da infância
A vida passou, nem percebemos quão rápido acontece
É ora alegre ou ora severa como comandem os cordéis
Mas olhamos no espelho e vemos o quanto já mudamos
Uma figura lívida que serpenteia e trespassa todo azul
Nas alvoradas que as memórias nos darão conta enfim
De quanto abrimos mão por algo que nem pôde existir
As sombras da noite brotam pelos cantos e são ligeiras
Espalham-se qual o asfalto molhado das ruas solitárias
O relógio desenha círculos com seus negros ponteiros
A mover-se entre os números e as correntes douradas
Um bando de aves exóticas grasna pela hora alarmada
Para despertar do sonho e dizer que é hora de morrer
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