Ruptura
Vão-se-me os amores entre horas desertas de quietude
O tempo escapa veloz nos ventos d’uma primavera gris
Oh, são tantos ais pelos umbrais de caminhos agrestes
Auroras afogadas em alguma manhã muda e sem brilho
O perfume vespertino alumbrou minha porção caseira
Renasceu do ventre da noite em fios d’água cristalina
Quando verte de negra fonte, precede toda ausência
A romper silêncios pétreos no assombro das partidas
A vida sem amar é perder. É como, sobretudo, morrer
Sem escrever o verbo sob os fulgores de um novo dia
É não ter asas para voar no mesmo espaço do pássaro
Nem ter-lhe a voz breve que tempera sorrisos tardios
Onde encontro segredos de ti, menina de antigamente
Ouça-me antes que o sol nasça como alarme do adeus
Ouça meu canto amargo que o esquecimento assopra
À espera de teus ouvidos noturnos e tórridas paixões
Somos contrários libertos a buscar a energia do fogo
Para que o metal se rompa em líquido qual mercúrio
Assim como o amor rompe os contornos das palavras
Quando se faz real e fonte permanente de toda vida
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