Se escrever é fazer mágica, sou um mago; se for transformar, sou alquimista; se for dominar mistérios, então sou bruxo. Vim transmutar sentimentos em palavras e vice-versa. Os poemas falam de imagens, sentimentos e sonhos. Tudo se passa na vida real ou na surreal. Ao lê-los tenha atenção ao que está oculto nas entrelinhas. Deixe que os versos te levem onde o vento quiser levar. A musa de meus poemas é a vida. Estejam atentos, pois as palavras são metade de quem escreve e metade de quem lê.
terça-feira, maio 27
quarta-feira, maio 21
Lírios da Noite
De tanto te amar,
compus este cântico, sucinta esperança
Neste final de maio, doce como lírios que brotem na noite
Onde brilham
as estrelas, tão peculiares de longos outonos
Sei que virás, sob essa luz lilás, tão breve quanto perfumes
Trazendo o
olhar, qual astrolábio, a mostrar-me o caminho
Se já fui nau à deriva, ora singro presto nas águas sombrias
Meu sextante, flor de macieira, tua face rósea e delicada
Cheira a saudade e ao hálito da brisa matinal ao teu lado
O vento que me ensinaste, enfuna as velas e
navego lesto
Chegarei ao primeiro raio de sol trespassando pelas folhas
Vesti-me com a couraça da poesia, minha lança de palavras
Trouxe a ti as vozes que ouvi cantar pela planura deserta
Assim me transformei em sonhador da fonte de luz e vida
Quisera cantar no alto das montanhas, seguir os rouxinóis
Ser homem corajoso, descobrir um paraíso simples e claro
Esta vida é
flama errante, penso que o ontem
foi-se rápido
E quão mais afasta, tão maior é a saudade que sinto de ti
Por vezes imagino que ninguém me escuta, só tu me ouves
Se te digo para brincarmos como crianças
entre as flores
E esquecermos
todo o mal que a vida nos ensinou a temer
Na franqueza
do coração junto ao rumor cálido do regato
Sob negra abóboda há o poema e uma justa causa a morrer
Qual lírios da noite, o consolo é sentir, onde vá, teu aroma
Vou recitar este poema, acompanhado do coro dos ventos
E onde houve silêncio o país inteiro há de ouvir minha voz
Neste final de maio, doce como lírios que brotem na noite
Sei que virás, sob essa luz lilás, tão breve quanto perfumes
Assim me transformei em sonhador da fonte de luz e vida
Quisera cantar no alto das montanhas, seguir os rouxinóis
E quão mais afasta, tão maior é a saudade que sinto de ti
Sob negra abóboda há o poema e uma justa causa a morrer
Qual lírios da noite, o consolo é sentir, onde vá, teu aroma
Vou recitar este poema, acompanhado do coro dos ventos
E onde houve silêncio o país inteiro há de ouvir minha voz
quinta-feira, maio 15
Noturno 7.0
Na vertigem do
tempo interior, nos perdemos sem saber o porquê
Os sentidos
desgarrados não concedem luz, não nos encontramos
Nos notamos incompletos, sem a consciência veloz do pensamento
E vamos embora pelo mundo, nos aproximando de múltiplas coisas
Mas nada é o real e, de completo, o que resta é
apenas o silêncio
Por vezes, parece que o real é um copo
de conhaque e um blues
E que miragens não são mais que um estágio elementar da
verdade
Restamos cada vez mais sós, ao abandonar o nosso voo de pássaro
Saímos pela porta dos fundos a sorrir, sem que ninguém
entenda
O que há de transfigurado nisso tudo, se
talvez murmurássemos
Se os fizéssemos pensar que somos justamente como o esperado
Então se
satisfariam se nos mostrássemos ser o grande
usurpado
É do que o
passar do tempo nos livra: da obrigação de ser normal
De corresponder à conduta rude de um tipo normalizado
de viver
Integrar a ficto-estabelecida
verdade é animar e povoar a solidão
Onde as sensações devam ser as pertinentes à consciência
geral
Olho os gerânios no jardim, já derramei muitas lágrimas
ao chão
Já sofri muitas feridas profundas, porém isso reside no passado
Aprendi que a plenitude está no eterno fluir de princípios
e fins
Ouso proteger-me num círculo invisível na minha imortal rebeldia
Onde ninguém me imponha aquilo o que devo entender por beleza
Mas que tudo seja o amálgama de noções que faz do carvão,
luz
Onde sei que, não sendo imortal, posso viver segundo a segundo
Desdobrar cada
coisa no melhor que dela eu possa vir a
conceber
Nem julgue que
este poeta escreva um poema sem falar do amor
Se de tudo que
há na vida é o amor o mais complexo sentimento
O amor não é a
chegada, é o caminho e assim terá começo e fim
Como as rosas que nascem, nos encantam e
perfumam e se vão
Mas nem por isso deixamos de querer rever sua peculiar beleza
Nem a roseira deixará
de ser roseira caso não se cubra de flores
Ah, dirão, o
amor é dor. Que o seja, sem amor e dor é só o vazio
O amor é luz
radiante, é o sonho, o fogo lento que nos consome
Não se olvide o sonho, razão além da razão, de haver o amanhã
O sonho é o fogo que acolhe nossos insucessos
e os transmuta
Que se subleva aos furacões e deles faz a brisa que sopra lenta
O sonho é seiva a animar a planta, antes do primeiro raio de sol
De sonho, inconformismo, amor e rebeldia se vão setenta anos
Os quais não nego, mas não os carrego como um pesado fardo
Ainda guardo no peito pequenas ilusões, como frutos maduros
Ergo o cálice, onde não cabem lamentos, apenas rubros taninos
domingo, maio 11
Obstinado
Um pássaro esquivo cruza os ares gris do crepúsculo
Ouço seu canto que vem sul, ave fugitiva do inverno
Busca o sol d’outras latitudes, que regresse sua
luz
Onde habitaria,
hipotética calidez, a pulsar na manhã
A algidez deste vasto outono que, precário, perdura
Chega a
tormenta, o chão crestado vibra em segredo
Oculto do inimigo, versos íntimos quais favos de mel
Que guardei para ti, sob a amena
sombra do choupo
Entre o silêncio cotidiano, invento a palavra
mais crua
Sortilégios do destino, nas entrelinhas, a verdade nua
De raízes
profundas, oculta sob a poeira dos
séculos
Dissidente da perversa desmemória clama ser e estar
Os pássaros já não gorjeiam por esta tão imensa terra
Emudecidos de pavor e espanto, queimou o arvoredo
As mãos são
palma e carícia ou serão punho cerrado
Se o poema fere, ao certo não sangra o peito ferido
Obstinadamente elevo a voz em cada pedaço de mim
Ilumina-se meu
pensamento arde, crepita, se inflama
quarta-feira, maio 7
Selvagem
No silêncio dessa
noite, corpos selvagens cheirando a jasmim
Encontram-se e partem entremeados de desejo e fugacidade
Línguas que não se indagam e bocas que não se questionam
Beijando-se
horas, com seus punhais lívidos de denso deleite
Apenas se buscam e se encontram, no vai e vem dos quadris
Habitam-se mutuamente entre sussurros, são flor e
espinho
Aniquilados com tanto prazer, não
há vencido ou vencedor
As marcas que o
amor lhes deixou, memórias que não ferem
A luxúria ancorada sem palavras, que não pede explicações
No tato da noite, na ponta dos dedos ele ofereceu o enigma
No tato da noite, na ponta dos dedos ele ofereceu o enigma
Nos mistérios da carne, ela acolheu os desafios a desvendar
Assim se fez
sonho e na penumbra brilha a estrela do querer
Sentimentos atemporais, brevemente esconderão a nostalgia
Após um tempo sem início ou fim, convocaram o amanhecer
Do silêncio na noite, de corpos selvagens cheirando a jasmim
Encontram-se e partem entremeados de desejo e fugacidade
Línguas que não se indagam e bocas que não se questionam
Apenas se buscam e se encontram, no vai e vem dos quadris
A luxúria ancorada sem palavras, que não pede explicações
No tato da noite, na ponta dos dedos ele ofereceu o enigma
No tato da noite, na ponta dos dedos ele ofereceu o enigma
Nos mistérios da carne, ela acolheu os desafios a desvendar
Sentimentos atemporais, brevemente esconderão a nostalgia
Após um tempo sem início ou fim, convocaram o amanhecer
Do silêncio na noite, de corpos selvagens cheirando a jasmim
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