sábado, maio 24

Poema em Pedra e Água

Eu vi o amor mudar o abismo onde se desenhava a solidão
Eu vi as águas desatadas de formas caminharem até o mar
Eu vi a noite livre da sombra desfraldar o manto da poesia
Eu vi a palavra dispersa da boca se transformar em poema

A estrada se desenrola dividindo a paisagem em dois lados
A palavra crua e indomada e o poema, um sonho de papel
O poeta toma da palavra dispersa e nela urde uno o verso
O verso a inundar o papel de líquidas vogais e consoantes

Qual o artesão cinzela o mármore na sua faina de criação
Exercitando as quadraturas geométricas, a vida em pedra
O poema é a estátua em movimento no seu fluir do tempo

Tal o vento que molda a pedra e define o contorno do rio
Que a água um dia preencherá na sua ordenação fluídica
O poema é a corredeira veloz, mas também doce remanso



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