As noites vem e
vão e eu permaneço semimorto em minha solidão
No céu de
parcas estrelas incertas não antevê nenhuma chegada
O negrume
vaticina que esta dor será a minha inefável companhia
A chuva exalta
as ausências desta vida, qual uma tristeza líquida
Vejo o gris de falsas conjecturas se sobrepor às cores da realidade
Um oceano de impossibilidades que me separa de um outro destino
Invento um colo imaginário a me resgatar dos suplícios do degredo
Em qual silêncio meu coração dilacerado se fez pequeno e oprimido
Sob o jugo do
carrasco que acorrentou min’alma antes indomada
Tornando o
ruflar destas asas inquietas em negras raízes silentes
Ora roubando o verso que diz do meu amor em rimas tão
tênues
Ora em brados
enfurecidos, onde só resta uma poesia cabisbaixa
A palavra
cedeu ao amargo e o que outrora era árvore frondosa
Hoje é uma
acha de lenha, cativa, atada a seus próprios enganos
Nesses gritos que rasgaram meu peito e não calam um
só instante
Que resultam versos
sem sentido, frases insanas, ferinas e cruéis
Nos porões do meu ser, minhas idiossincrasias definiram meus atos
De tantos desvarios e desencantos, de tantas lágrimas derramadas
Mais tantas outras omitidas, forjaram minha têmpera contra o mal
Mas cada resposta que recebo, é uma nova pergunta irrespondida
Sigo nesta
alameda de tumbas onde jaz minha olvidada esperança
A qual, sonho
eu, possa estar simplesmente adormecida
e intocada
No crença que assim
disperse os fragmentos de toda dor que vivi
Para se erguer
em meio a um campo de trigo num outono a porvir
Queria acolher teu sorriso e te ofertar uma aurora que não tenho,
Mas que eu a esboço como se tivesse e não fosse apenas um sonho
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirgostei muito desse
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