Quanto silêncio existe entre estas paredes na
geografia deste abandono
Quantos dias se fazem cinzas como outono neste frio ao
sul do equador
Como não permanecer quedado e tão só nos braços
tristes do desespero
Como recompor a esperança somente a partir da dor de
amar à distância
Onde foram os horizontes
iluminados e os perfumes trazidos pelo vento
Aonde estará o ruído das ondas e a eloquência do aconchego
vespertino
Qual a fronteira quer o destino enquanto teu nome me
escorre pela alma
Quiçá no poema nunca possa te chamar de minha pois não
me pertences
Mas sempre estarei aqui, mesmo que só para te saudar
cheio de saudade
Até a noite me alcançar na
loucura de sentir teu cheiro naquilo que visto
Nunca serei teu símbolo maduro pois não se amarra a
vida com palavras
Assim serei em ti apenas um segredo, uma breve passagem
no teu corpo
Não terás nunca minha tristeza para depositar na
gaveta entre calcinhas
Isso não te dou. Leva contigo as
mãos dadas, os abraços, também os beijos
Não chora comigo, porque amanhã depois de tua partida
posso renascer
Tive um dia para sentir tua presença e o resto vida para
morrer de amor.
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