Não sei como a dor se
refugia no peito, mas sei do incômodo
E conjeturo que vem do
inverno dos sentimentos irrealizados
De fugas sem
sentido, de desejos ignorados, amor coagulado
As imagens da doçura
são cristais fractais reflexos no espelho
Parece que a vida
que se viveu ainda agora, é apenas sombra
Restou um olhar estático
por vê-la partir na lisura do silêncio
Deixou uma tristeza
cinza, lesa, um desamparo pobre e febril
É árduo lidar com o
que se vive quando não se faz por inteiro
Nada há para reler,
pois a lousa do romance ficou em branco
Na calada da noite o
que era para ser confidências e suspiros
Tornaram sussurros traiçoeiros à margem
de um porão escuro
Na saudade que é uma subtração de certa parte de nossa vida
Na saudade que é uma subtração de certa parte de nossa vida
O desencanto vem
veloz e certeiro quanto é uma bala perdida
Enquanto a chegada
de outro dia, lenta igual água derramada
Ambos retiram a
lucidez. Mas a vida tem seus próprios planos
Ofereço resistência
ao jogo: será que está tudo como previsto?
Alguém abre o
caderno e lê o poema. Até dói, mas não sangra!
Visto a calça de
brim e saio assobiando nesta solidão provisória
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