Destacam-se as folhas do calendário, céleres como sempre
Açodadas pela rotação inexorável dos ponteiros das horas
O tempo vaza sem rumo, sem nexo em sua marcha infalível
Ao tempo, apenas os velhos fantasmas resistem desditosos
E que preenchem o vazio impenetrável dessa minha solidão
A dor que apunhala, a ideia que exala, a gala me cala a fala
Descerro a janela do isolamento, deixo entrar uma fímbria
de luz sobre o ranço do passado que me devora as utopias
O sussurrar remoto do rio, o trinado dos pássaros partidos
Entre o bem e o mal sou a fome de resistir à dor desta vida
Entre o certo e o errado sou a sede que adere nas palavras
A dor sentida a cada partida na lida desconhecida da vida
O copo na mão, esta noite, o negrume lá fora faz sentir só
Deixe-me lembrar tua imagem, que ouça tua voz de paixão
Deixe minhas mãos vagarem por teu corpo, qual um dia fiz
Relembrar nesta quietude profunda que eu sempre fui teu
Fazer-te sentir minha, num último beijo prolongado, sonhar
Tempo vassalo, na dor exalo, igualo o que falo e o que calo
Se escrever é fazer mágica, sou um mago; se for transformar, sou alquimista; se for dominar mistérios, então sou bruxo. Vim transmutar sentimentos em palavras e vice-versa. Os poemas falam de imagens, sentimentos e sonhos. Tudo se passa na vida real ou na surreal. Ao lê-los tenha atenção ao que está oculto nas entrelinhas. Deixe que os versos te levem onde o vento quiser levar. A musa de meus poemas é a vida. Estejam atentos, pois as palavras são metade de quem escreve e metade de quem lê.
sexta-feira, abril 1
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