terça-feira, julho 12

Lucida Aurora

Na lucidez da aurora, a mãe de todos os sonhos e ilusões
Uma chamada ao telefone me afasta da trégua do silêncio
Uma voz suave e quente alegra o poema em lenta gestação
A luz do abajur revela todo o branco imaculado do papel
E as palavras saltam ágeis e imponentes à folha sem linhas
Cobra-me a atenção o relógio morno a serviço de Morfeu
A hora avança sem rédea nos ponteiros úmidos de solidão
Mas o poeta verbaliza na tempestade seu grito de rebeldia
Deixando na boca um gosto de saudade por toda a utopia
Que se faça possível criar sob as estrelas apagadas lá fora
Encobertas pelas nuvens que deitam a chuva noite afora
Elas não são nuvens de algodão doce nem de carneirinhos
E o que isso importa, se vamos a cavalgar o golfinho alado
A musa de belo busto e peito arfante, meigamente assiste
Suspira ao ar encolerizado da natureza troando insistente
O poeta singra na atmosfera entre as vírgulas dos trovões
A tempestade de repente cria vida e toma de mim a caneta
Ela disse que estava embriagada pela vontade de escrever
Se desnuda e pinta este poema de sonho e de imaginação


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