Se escrever é fazer mágica, sou um mago; se for transformar, sou alquimista; se for dominar mistérios, então sou bruxo. Vim transmutar sentimentos em palavras e vice-versa. Os poemas falam de imagens, sentimentos e sonhos. Tudo se passa na vida real ou na surreal. Ao lê-los tenha atenção ao que está oculto nas entrelinhas. Deixe que os versos te levem onde o vento quiser levar. A musa de meus poemas é a vida. Estejam atentos, pois as palavras são metade de quem escreve e metade de quem lê.
terça-feira, janeiro 30
domingo, janeiro 28
A verdade de cada um
Andando na vida, fui pateticamente romântico quase sem limites
Até onde fui e as asas destacadas de meu corpo pelas tormentas
Até olhar-me fruto de todo arcabouço desta semeadura humana
Percorrer espaços após espaços e ver as perguntas sempre iguais
Passei portas que fecharam às minhas costas qual fossem atalhos
Uma brevidade entre um século de silêncio e me chamaram poeta
Um galardão que não me fez enaltecido, mas serviu para somente
Lavar as mãos da dor acumulada como se fora a poeira do tempo
Foi escrevendo que pude entender o que não entendi só ouvindo
Tantas crenças falsas no brilho das letras de grandes cabeçalhos
Se espalham como um verdadeiro e fatal vírus a repetir a história
Ninguém se volta ao espelho já baço para admitir verdades duras
Dando preferência às miragens, ao certo bem mais complacentes
Ninguém expõe as ideias à luz ou as submete às rédeas da justiça
Mas escolhe o eufemismo que atenua erros e assim chamar de fé
Sustentando toscas assertivas, qual alcandorados sopros divinais
Assim cheguei à conclusão que a verdade de fato pouco importa
Antes, aquilo que cada um se arvorou em verdade para ter razão
Razão essa qual, a alguns tolos ou insanos, vale mais que ser feliz
sexta-feira, janeiro 26
Periferia
Chegou a chuva e se desfazem os passos e as pedras
Bailam os restos e garrafas plásticas ao vento cálido
O córrego arrasta, vai levando sob dias tormentosos
Bem nessas horas inundadas, o barro, os cães mortos
O esquecimento é o tempo que se lamenta as perdas
E fazer parecer que não há mais nada para se perder
Algo que respire diferente, nem olvido ou lembrança
O lixo, ruas tristes, os tetos de zinco, assim é a vida
Uma certa amargura flutua no ar bem ali na esquina
Lentamente. Um ranço de cerveja que se derramou
O homem parado à porta, sozinho, curvando de frio
O ônibus passa entre as casas baixas e gente a olhar
Quase nada a celebrar, só há névoa e notícias ruins
Uma garrafa em cacos, o às de espadas, uma música
O vinho amargo, um olho desorbitado, não há amor
Nas águas da chuva, sem perdão, só mais do mesmo
quarta-feira, janeiro 24
Borboleta
A dor, esse amargo sumo que goteja e a terra não sorve
Não esconde os erros, não cala o que foi. Tanta lágrima
E o pó do barro continua pó, não faz rocha nem abraço
Não vence os muros, antes espanar as roupas e levantar
Abra os olhos, a rosa sem perfume é só plástico e arame
Flor que o verbo abandonou, morfema mero e tristonho
Esse verso emprestado que só se abre à vista da solidão
Porém se esconde detrás d’um belo par de íris de cristal
O asfalto apenas é uma estrada, porém não é o caminho
Uma porta entreaberta, bocas distantes e a mesma sede
Impassível, a saliva que o sol goteja no chão ao meio-dia
A água na geladeira, longe qual mãos em braços abertos
É bem mais fácil espernear-se que oferecer a outra face
É mais fácil subir no muro, olvidar o suor e sem lágrimas
Negar e disfarçar essa ausência de expressão nos lábios
A contrariar o senso da incandescente borboleta rubra
Que bate as asas de bordas negras num alarido noturno
Sem medo de, por isso, ver-se presa numa jaula de metal
Tomo da pena, escrevo a palavra e olho meio de soslaio
Afugento a borboleta, retomo meu voo ao véu noturno
De mãos crispadas, desenho uma janela e salto no vazio
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