domingo, janeiro 14

Alzheimer

Os relógios traiçoeiros se apropriam da face das horas
Enquanto buscamos aquilo que chamamos nosso lugar
A esquivar-nos de sóis candentes, cada manhã da vida
O tempo rola indiferente moendo todos nossos sonhos
Enrugando nossas faces, consumindo o que trazíamos
Nas oficinas de nossas mentes, até chegar a alienação
Moendo, roendo, consumindo, reduzindo, ferindo-nos
E as lembranças rodopiam, misturando e confundindo
O estranho mistério que nos sequestra entes queridos
Tão estranho quanto o nome, que esqueço quem deu
Como se o destino partisse antes deixando inacabado
Esse relógio que desfolha a memória qual os ciprestes
Levando todos monumentos, as testemunhas do viver
Sem esperança ou recompensa no horror da incerteza
Ricos ou pobres enfim igualados em uma única mazela
Pouco importa, um acaso inidôneo a apagar todos nós


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