segunda-feira, janeiro 22

Mar

Eu venho das águas salgadas do mar

Essas águas inconstantes e tormentosas

Sal que me consome, água que me salva

Eis a pedra dura que a onda lhe bate

Água límpida ou água corrosiva

E ressoa entre sonolentos ecos

Essa boca e sua língua imaginária

As inúteis imagens aos meus olhos

Insistem e insistem insistentemente

Para ver acontecer o improvável

Que me fere as retinas de ausência

Para fazer acontecer o impossível

Na agonia teimosa das mãos nuas

Ouve o crepitar da chama, me chama

Para que eu alucine nessa avidez

Em que nenhuma palavra é em vão

E os vãos entre elas são janelas

Onde olho os passantes que vêm e vão.

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