Tenho um grito tresloucado dentro de mim e não me ouves
E a negra tinta que lentamente escorre da pena pelo papel
Traça ondas de letras qual linhas que o mar traça na areia
Despertei e vi um mundo desigual a quando me pertencias
Teus olhos desobedientes a me fitar como dois horizontes
Tua silhueta elegante a fazer par a um mar só de teu sabor
O aroma dos jasmins das noites de verão qual teu perfume
O brilho das estrelas se acanhava ao brilhar do teu sorriso
Passou um oceano inteiro desses dias e só escrevo porque
Uma tarde de março sem poesia é tal um amor sem amante
O vento veio soprar e os cinzas da noite começaram a cair
É solidão outra vez. O coração caminha sem saber onde ir
A música apenas silenciou, fez eternos contos se diluírem
Partistes sozinha e levastes os projetos d’um novo futuro
Levastes as vãs promessas feitas, mas deixastes os sonhos
A última onda na areia apagou as marcas das tuas pisadas
E não sei onde fostes parar, apenas sei que não chegastes
Onde te esperava o espelho da vida, isso jamais te refletiu
E a névoa encobriu tua imagem que sequer acenou adeus
Nossa história é qual árvore negra que fruto algum gerou
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