terça-feira, março 12

Última Onda

Tenho um grito tresloucado dentro de mim e não me ouves

E a negra tinta que lentamente escorre da pena pelo papel

Traça ondas de letras qual linhas que o mar traça na areia

Despertei e vi um mundo desigual a quando me pertencias

Teus olhos desobedientes a me fitar como dois horizontes

Tua silhueta elegante a fazer par a um mar só de teu sabor

O aroma dos jasmins das noites de verão qual teu perfume

O brilho das estrelas se acanhava ao brilhar do teu sorriso

Passou um oceano inteiro desses dias e só escrevo porque

Uma tarde de março sem poesia é tal um amor sem amante

O vento veio soprar e os cinzas da noite começaram a cair

É solidão outra vez. O coração caminha sem saber onde ir

A música apenas silenciou, fez eternos contos se diluírem

Partistes sozinha e levastes os projetos d’um novo futuro

Levastes as vãs promessas feitas, mas deixastes os sonhos

A última onda na areia apagou as marcas das tuas pisadas

E não sei onde fostes parar, apenas sei que não chegastes

Onde te esperava o espelho da vida, isso jamais te refletiu

E a névoa encobriu tua imagem que sequer acenou adeus

Nossa história é qual árvore negra que fruto algum gerou

 

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