sábado, abril 27

Mudança

Com que palavra sonho imerso nesta solidão
Noturna, ah tão noturna e eterna escuridão
Sempre insone, quase insano, nunca insípido
Num grito desperto que me ronda à esquina
E toda forma que imensamente se inventava
Diz que a palavra não se resume em palavra
 
Segue-se que um dia me ensinaram a pensar
Para que se me perca, baste a me encontrar
Inobstante, sem olvidar de tanto sentimento
A caminhar solitário pelas ruas e ainda sorrir
E se essas perguntas têm resposta incômoda
O que exige coragem: calar. Ou que se foda
 
A indizível emoção do poder se faz sensível
Na mansa correnteza de um tempo invisível
Carregar na palavra nua, despudorada e viva
O pão interior que alimente a minha lucidez
Para organizar esta loucura que me dilacera
E ser o que procura e não mais quem espera


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