Procuro-te como o peixe que
nada em seu aquário de desejo
A te buscar na água turva de
dores de tantos outros verões
Dor que só tu apaziguas
nesta instância de abismos e trevas
Por onde sigo, sonâmbulo e
ferido entre a crueza das cinzas
Na lembrança de tempos mais
augustos que tocava tua mão
No ardor da ilusão há a fria
voz que, indiferente, me chama
Mente como se a eternidade fosse cicatrizar a ferida aberta
Na neblina de tua ausência,
na nostalgia cinza de teus olhos
As reminiscências de outra
vida se espalham pela penumbra
No oceano da distância é tudo
tão mais agreste e profundo
O equinócio de vida e morte
se reflete pelos espelhos rotos
Sob a luz boreal que
esconde o tesouro d’um amor perfeito
O sol fugidio resvala pelas
águas do mar, entre as palmeiras
Minh ’alma avança rumo ao arrebol entre ruas que dormem
Cheias de frutos maduros dependurados no
esquecimento
Enquanto oro por salvação na
transparência deste silêncio
Meus eclipses se erguem diante de brancos altares sitiados
As respostas negam as
perguntas do vento soprando do sul
Nem assim movem uma única folha entre ramos acobreados
E o que resta é sonhar com
os movimentos de tua chegada
A cadência exata de tuas pernas, o cliquear de teus passos
Pergunto por ti aos anjos
que encontrei na porta principal
E me disseram que o que importa,
é o caminho percorrido!
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