terça-feira, dezembro 10

Cedo Demais

Agora que a infância é apenas uma vaga lembrança
Penso que despertamos para as lutas cedo demais
Não nos foi permitido ter tempo para amadurecer
 
Foi nesse ponto que nos conhecemos, parecia real
Juntos por fartas estações e estações, sóis e luas
Palrando pelo dia, saboreando o silêncio da noite
 
Tão longe encontramo-nos da terra que nascemos
O tempo não nos dá trégua, o ponteiro gira veloz
Se cairmos devemos nos erguer antes de nos curar
 
Estes são tempos excêntricos e o futuro é agora
Mal podemos olhar o céu e nem podemos sonhar
O calendário já não aponta os primeiros suspiros
 
Folguedos não há mais se bem que busquemos jogos
Brincamos à beira mar ao som do mar a nos guiar 
Apreciando as cores poucas que se pode observar
 
Ondas vem e vão, eu ansiando margear teu coração
E tu também voltavas, voltavas sempre a me olhar
O barco navegando em silêncio em busca da terra
 
Há lembranças contraditórias que se estabelecem
Em nosso coração a fazer um viveiro de estátuas
Um momento na tarde a cabeça sobre o teu peito
 
E éramos os dois assíduos á chuva de fim de noite
E ali nós de mãos entrelaçadas e coração sonolento
Assim caminhamos no túnel secreto do amanhecer


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