domingo, janeiro 5

Mel

Depois que meus passos caminharam para o crepúsculo
Sonhos mortos deitam sua inutilidade ao longo dos dias
Minha devoção frustrada expõe sua súbita cor sombra
Rios suspensos flutuam, no céu, cinzentos para o oeste
Relâmpagos brilham tal insólitos nenúfares transitórios
Quando a alegria com que banhou meu outrora, partiu
Meu coração retransido pela dor não mais pulsou igual
Guardei no peito a incandescência de vulcão reprimido
Teu nome que não pronuncio, ainda retumba ao vento
Ecoando na minha voz que um dia tentou te encontrar
Teus lábios celestiais diluíram-se em espumas imemoriais
Destroços da loucura de nos amarmos até o naufrágio
Mas o tempo devolverá a agitação do mar à minha porta
E uma sensação azul entre meus dedos, beirando sorriso
A aurora me despertará no espírito um lume impetuoso
Tal chama fugaz que traga seus fachos a iluminar bosques
Vou deixar que estrelas brilhem eternas nos meus olhos
Cruzar mares e desertos, não mais assaltado por trevas
E o verso desvendar enigmas de paixão, no mel inocente
Com os quais, singelamente, o amor os seus favos fabrica


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