segunda-feira, julho 7

Pretexto

Não preciso de vãos pretextos para viver sem limites
Inobstante que meu coração lamente a tua ausência
Que tua figura tenha se perdido na fumaça dos dias
Chego a entender o desamor que limita certa gente
E tudo isso me faz escrever versos ao cair da tarde
Ouço ao longe um acordeom, o fole arfando de dor
Ouço o pássaro, sinto a brisa, os perfumes do verão
Certa vez construí um lugar contigo e éramos livres
Mas veio a tormenta, enlouquecida a deixaste entrar
Depois houve o nunca e a autora se perdeu na noite
Hoje teu corpo é naufrágio e não posso te encontrar
Lágrimas que escoam, banhando teus lábios de neon
Os dias correm velozes como nas corredeiras do rio
Benditos os aventureiros que fomos, sobreviventes
Desbravamos o grande labirinto, sem olhar para trás
Semeamos as sementes para reinarem quando árvores
Fomos avisados que não ficaríamos muito no paraíso
Assim escrevi um quadro, pintei um poema inovador
Depois será o silêncio, um vibrante e sonoro silêncio
De quem, ainda vivo e pleno, caminha entre os mortos
Rumando a outras terras, na luz tênue de um abraço