terça-feira, julho 29

Desperdício

O sabor agridoce de teu beijo ainda recende na boca
Uma viagem, um enigma ou um fragmento do passado
Um olhar suplicante, sem cerimônia, invade os meus
Tal qual a luz de um farol que invade toda penumbra
São tantas sensações a inventariar e nada que baste
Nada que diga que não fui, intimamente, o teu servo
Mas que também usufruí teu corpo sem desperdício
Sei que o esquecimento virá para aplacar meu soluço
Os relógios cumprirão o mister a me tirar do espanto
Não aos passos solitários entre escombros, mas seguir
Erodir os caminhos da vida até vencer todos abismos
Depois, fingir que é noite, e tu, ao meu lado na relva
Fitando estrelas que já não cabem apenas em um céu
Ouvindo a sinfonia que vem de um distante azul véu
Pois que sei que o vento levará consigo toda tristeza
A irromper no silêncio apagando profundos lamentos
E na errância do dia venha a recitar ao pé d’ouvido
Este poema meu que é tão teu, tal teu amor foi meu

 


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