terça-feira, julho 29

Trono

O vento dos tempos, inclemente, esculpe os rostos
Não há raízes possíveis que reconheçam o eterno
E tu que do trono do deslumbre me viravas o rosto
A imaginar que não havia vida venerável fora de ti
Cresça! Nunca nada foi teu. Percebestes os sinais?
A lua, o fogo crepitante, a alta solidão das estrelas
Crepúsculo irreal, destinos alheios, presentes vãos
Apenas tu imaginaste e te falo não para que chores
Aquele solo de saxofone que nem querias escutar
Em verdade não compus aos teus ouvidos seletivos
A sombra apenas me emprestara a música da noite
Tuas mãos já tão pálidas; onde eram rios, são ruínas
Essa vontade incontida de dormir, agora já o sabes
É o barqueiro que acerca-se e a moeda nas mãos
Assim como o poema, que já declamei não o fiz a ti
Tu partiste tantas vezes por obscuros caminhares
Mas de nada adianta fugir, é só um outro caminho
Saibas que de onde se partiu, foi sempre a chegada
 

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